domingo, 14 de novembro de 2010

S. Martinho

É noite cerrada, 2:59; ouve-se ainda o baile lá fora, abro a janela e de repente faz-se silêncio, ou não? A chuva insistente apedreja o solo, os telhados, o que pode, com as suas pequeninas, mas inúmeras pingas, melodiosamente, criando o cenário ideal para adormecer. E sono tenho, mas convicto desta minha natureza, decidi-me escrever, porque escrever fecha o livro do dia...
Qualquer momento em que seja possível um contacto com estes meus conterrâneos faz-me elevar e torna difícil abstrair-me da energia que esta maravilhosa gente expõe aos olhos de qualquer humano. Basta isso, ser humano, e tudo tem um dignificado diferente. Por vezes é difícil conter a nostalgia, a saudade, porque um dia tudo isto acaba, e nesse dia metade de mim morrerá, e a partir desse instante serei um outro eu. Para alguns ainda falta muito, para mim é já amanhã, porque o tempo afecta-me de forma diferente.
Pego na concertina e um pequeno arrepio percorre-me o corpo. Tantas boas memórias, tantos sorrisos, tantas pessoas felizes, pessoas para as quais a concertina será um outro deus, o deus da felicidade, e eu, assim, sou o pastor...

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