sexta-feira, 22 de abril de 2011

O afastar...

Em toda a minha órbita, desenho imagens, guardo fotografias, de algo que nunca vivi. Mas parecem tão tangíveis na verdade, que apenas chegando à realidade, presencio o pior de todo este meu mundo.
Estou longe de mim próprio, com os braços esticados não chego à superfície, e já pouco oxigénio circula nas minhas veias. Quando o breu se aproxima, e o silencio predomina, tudo parece afastar-se cada vez mais do meu tacto, do meu alcance.
O meu templo parece desmoronar-se.
Vós que por aí andais, espero que nunca percepcioneis o mundo com estes meus olhos, que mais valia que estivessem fechados, ou cozidos, para que não traduzissem o que vêem no inferno que existe, na real escória da sociedade que Saramago retratou, e bem...
O meu tempo aqui está-se a acabar, não poderei estar mais triste pela separação, mas o mundo assim o quis, assim o desejou, e eu assim o recebo, sem lutar pois, que lutar já lutei contra mim próprio, contra os meus defeitos, e nada de bom recebi...


Espero encontrar aquilo que me fará olhar para este mundo com outra visão...
À espera permanecerei...

domingo, 3 de abril de 2011

O francês

do campo pequeno
à reinaldo ferreira
num andar afoito
rápido
e ritmado pelo pensamento contínuo,
a sombra que nos
procura
infindavelmente,
avenidas se desdobram
a cada esquina que se contorna
e luzes permitem
criar uma ideia de segurança.
Nessa praça
que a igreja defronta, duas rodas
por um quadro unidas, em simultâneo giravam,
correndo, esmagando,
como uma mula, que na sua verdade,
o objectivo de transporte é.
Um bigode, óculos e cabelos
pelos anos 70 devolvidos,
criavam ali a cena realizada e dirigida pelo mundo
mas umas vestes surgiam por trás
deste museu de arte que já foi
e esse acontecimento invulgar que é
a visão
deslumbrante
e simbólica
de alguém que feliz, e de ar ingénuo, angelical
se apoderou do assento de trás
daquela bicicleta.
Mas quanta desta verdade é de facto

verdade?

sábado, 5 de março de 2011

Terei aqui oportunidade de o exprimir, mas quando me cercam as verdadeiras ideias, um nó prende, na garganta, toda a inteligência, e um fio de voz se ouve como que pedindo ajuda para ser libertado. 
A esta fúria que pretende dizer bem alto o teu nome, n sei que dificuldade existe numa simples palavra, mas que no último dos instantes corta-me o pio, e cego da voz, inerte do pensar, me resumo aqui a definir, por este meio, cobarde e seco, mundano, aquilo que me despertaste.
Na verdade, há muito adormecido, algo surgiu, apenas com a tua entrada, para todos trivial, para mim divinal. Saquei dos óculos, para n deixar que a nitidez com que te vi, me forçasse um estúpido bloqueio no teu corpo e no teu dançar, magestoso, meu Deus... magnífico.
Graças a este momento, pensei que estivesse em mim morta esta capacidade de apreciar arte, mas acordaste-me, e mostraste-me que novamente... vejo cortado o meu caminho
Obrigado, e desculpa.